Desde 2012, os missionários Mitchell e Liz Heinz trabalham com uma tribo que nunca tinha sido alcançada pelo Evangelho. Composta por cerca de 4.000 indígenas que vivem da agricultura, essa comunidade está dividida em 14 aldeias espalhadas por uma reserva de 30 mil hectares.
Ao longo dos últimos 12 anos, Mitchell e Liz visitaram regularmente as aldeias, construindo laços com as famílias e compartilhando o Evangelho através de histórias da Bíblia. Apesar de receberem os missionários com simpatia, as pessoas hesitavam em se converter ao cristianismo.
O maior obstáculo era a liderança tribal, que proibia qualquer membro da tribo de se tornar cristão, ameaçando aqueles que se mostrassem abertos à fé.
“Descobrimos que os líderes da tribo estavam nos vigiando e monitorando tudo que fazíamos”, contou Mitchell ao site Baptist Press. “Depois que saíamos das aldeias, eles interrogavam as famílias sobre o que dissemos e advertiam para que não nos recebessem mais.”
Em certa ocasião, um pajé tentou expulsar Mitchell e Liz da reserva, ameaçando as famílias que queriam saber mais sobre o Evangelho.
Nasce uma igreja debaixo do cajueiro
Em 2014, o casal conheceu Mara, a única cristã da tribo na época. Ela havia conhecido o Evangelho enquanto vivia em São Paulo e enfrentava perseguição constante por sua fé, mas não desistia.
“Passamos muito tempo com Mara e vimos que, embora sua igreja de origem tivesse algumas doutrinas questionáveis, ela parecia confiar sinceramente em Jesus e obedecer ao Evangelho”, disse Mitchell.
Mara aprofundou seu conhecimento na fé cristã e ajudou os missionários a alcançar outras famílias nas aldeias vizinhas.
O primeiro casal que Mara apresentou foi sua irmã e seu cunhado, que começaram a convidar os missionários para ensinarem a Palavra em sua casa. Eles se reuniam debaixo de um enorme cajueiro, onde Mitchell contava histórias da Bíblia.
Por dois anos, todas as semanas, o casal reunia amigos e familiares para estudarem as Escrituras. A cada encontro, parecia que a sede deles pela Palavra só aumentava.
“A fome deles pela Palavra aumentava a cada semana, então continuamos ensinando”, contou Mitchell.
A casa deles se tornou um ponto de encontro na aldeia, onde familiares, amigos, vizinhos e até mesmo líderes tribais apareciam para tomar um café. Foi o ambiente perfeito para começar uma igreja indígena.
Mitchell dirige até áreas remotas do Brasil. (Foto: IMB)
Experiência com a graça de Deus
Mesmo com advertências da liderança da tribo, a família permaneceu firme. Com o passar dos anos, outros membros da tribo também se converteram, e, em 2022, foi formada a primeira igreja indígena da tribo. Eles continuam se reunindo duas vezes por semana para estudar a Bíblia e orar.
Com o crescimento dos cristãos, aumentou também a perseguição. Léo e Luana, um casal de novos convertidos, chegaram a perder seus postos como professores na escola da aldeia por causa de sua fé — por influência de uma respeitada líder na tribo chamada Sue.
Até que, em maio deste ano, o filho mais velho de Sue desapareceu por duas semanas, e ela temia o pior. Léo foi até a casa dela para orar, juntamente com outros membros da igreja. Sue nunca imaginou que as pessoas que ela perseguia seriam tão amorosas e solidárias.
Na manhã seguinte, o filho de Sue voltou para casa. Deus demonstrou Sua misericórdia através da vida dos cristãos. Desde esse acontecimento, Sue mudou sua postura: parou de perseguir a igreja e agora está aberta a ouvir sobre Jesus.
A igreja continua crescendo e testemunhando o agir de Deus. O progresso é lento, mas novos membros estão sendo batizados, e a igreja se dedica a fazer novos discípulos, relata a Baptist Press.
“Hoje há mais abertura para o Evangelho do que havia quando Liz e eu começamos a trabalhar com essa tribo, há 12 anos”, disse Mitchell.
* Os nomes foram alterados por razões de segurança.
Publicada por: RBSYS
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